O Brasil é um país de ecossistemas contrastantes, que vão da úmida Floresta Amazônica aos vastos alagados do Pantanal, passando pelo semiárido do Nordeste, onde a resiliência faz parte do dia a dia. Diante desse cenário diverso e dos desafios impostos por secas e enchentes, a organização de apoio ao empreendedorismo Quintessa está redefinindo o conceito de inovação, combinando tecnologia com soluções comunitárias para fortalecer a resiliência climática. Como uma empresa certificada B Corp, a Quintessa conecta negócios de impacto com iniciativas locais, trabalhando em parceria com inovadores da comunidade, especialmente mulheres, para enfrentar as mudanças climáticas de maneira direta e eficaz.
Construindo soluções alinhadas à realidade
O diferencial da Quintessa está na forma como aborda a resiliência. “Não estamos interessados em soluções feitas para salas de reunião”, afirma Carolina Ochoa, fundadora da organização. “Nosso trabalho começa com as pessoas que enfrentam esses desafios diariamente, especialmente as mulheres, que vivenciam diretamente os impactos das mudanças climáticas em suas comunidades e famílias.”
Mais do que apenas soluções tecnológicas, a Quintessa busca redefinir sistemas inteiros, priorizando iniciativas enraizadas na cultura local e dando voz a grupos frequentemente marginalizados na economia da inovação no Brasil. A partir de sua sede em São Paulo e por meio de equipes regionais móveis, a organização foca em soluções sustentáveis e de longo prazo.
A Quintessa investe em mulheres que já desenvolveram métodos práticos para se adaptar às condições climáticas em constante mudança. Seja na criação de sistemas de conservação de água ou na agricultura resiliente ao clima, essas mulheres têm conhecimento local que nenhuma inovação externa pode substituir. “Para nós, escalabilidade não significa apenas alcançar mais pessoas,” explica Carolina. “Nosso objetivo é criar soluções duradouras e impactantes, que passem de geração em geração, repensando protocolos e dinâmicas que não fazem mais sentido no mundo de hoje.”
Ideias locais para mudanças nacionais
Semanalmente, a equipe de Carolina se conecta com comunidades rurais vulneráveis, buscando projetos com potencial de transformar vidas. Muitas das soluções mais eficazes surgem da experiência direta com os extremos climáticos do Brasil, desenvolvidas por mulheres que enfrentam essas dificuldades diariamente e criam respostas concretas.
Essas mulheres recebem suporte estruturado da Quintessa para transformar seus projetos locais em negócios viáveis e escaláveis. O modelo da organização inclui inovação aberta com empresas socialmente engajadas, acesso a capital e práticas sustentáveis alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Cada projeto começa com uma pergunta essencial: “Como podemos ampliar algo que já funciona para que mais pessoas possam se beneficiar?”
O papel das parcerias estratégicas
O crescimento da Quintessa é impulsionado por parcerias estratégicas com organizações como a Climate KIC, que oferecem mais do que financiamento. Essas colaborações permitiram que Carolina e sua equipe ampliassem sua capacidade de impacto, trazendo orientação técnica e recursos adicionais para iniciativas climáticas lideradas por mulheres. “Esse apoio nos dá flexibilidade e profundidade na forma como mentoramos,” destaca Carolina. “Nos permite inovar e oferecer suporte de maneira mais solidária, e não apenas assistencialista.”
A Climate KIC ajuda a Quintessa a criar uma rede de segurança para empreendimentos em estágio inicial, oferecendo um caminho estruturado para a escalabilidade. Com esse suporte, as iniciativas locais podem ultrapassar suas fronteiras imediatas, alcançando comunidades mais vulneráveis com soluções climáticas inclusivas e focadas nas pessoas.
Como brasileira, Carolina sempre percebeu a distância cultural e linguística entre seu país e o restante da América Latina. No entanto, através da Climate KIC, ela encontrou conexão com outras mulheres líderes participantes do programa. “Nossas raízes nos ligam à África, e nossos desafios são comuns à América Latina,” reflete. “Essas conversas me fizeram perceber que, apesar das diferenças, enfrentamos os mesmos desafios sistêmicos — acesso a recursos, desigualdade de gênero e resiliência climática.”