Os BDRs (Brazilian Depositary Receipts), certificados que representam ações de empresas estrangeiras e são negociados na B3, voltaram a ganhar destaque nos últimos meses, impulsionados pela alta dos mercados acionários dos Estados Unidos — local onde está concentrada a maioria das empresas emissoras desses papéis.
De acordo com analistas do Itaú BBA, a expectativa é que o índice BDRX, que acompanha o desempenho dos BDRs listados na bolsa brasileira, bata recorde histórico em outubro. No entanto, quando o objetivo do investidor é o recebimento de renda passiva, como dividendos, é preciso analisar os detalhes desse tipo de aplicação.
Apesar de muitos BDRs pagarem dividendos, a forma como esse rendimento é distribuído difere bastante do modelo brasileiro e envolve uma série de custos adicionais — como impostos, conversão de moeda e taxas bancárias. A seguir, explicamos como funciona o pagamento de dividendos nos BDRs e quais fatores devem ser levados em consideração antes de investir com foco em renda.
Pagamento de dividendos: como funciona nos BDRs
Assim como ocorre com ações brasileiras, os BDRs podem pagar dividendos conforme a política da empresa representada. A diferença é que, nos Estados Unidos, as companhias não são obrigadas por lei a distribuir lucros aos acionistas. Portanto, muitos BDRs simplesmente não oferecem esse tipo de remuneração.
Além disso, mesmo quando há distribuição, o caminho até que os valores cheguem ao investidor brasileiro envolve conversões, tributos e descontos, o que reduz o montante final recebido.
Tributação: o imposto de renda nos BDRs
Diferente dos dividendos de ações nacionais, que são isentos de Imposto de Renda para pessoas físicas, os dividendos recebidos por meio de BDRs sofrem incidência de IR — seja diretamente no exterior ou no Brasil, dependendo do país de origem da empresa.
No caso de empresas norte-americanas, por exemplo, há uma retenção automática de 30% sobre os dividendos na fonte. Como existe um acordo de reciprocidade entre os EUA e o Brasil, esse imposto já é considerado quitado, e o investidor não precisa recolher novamente.
Ainda assim, especialistas recomendam que o valor recebido seja informado no carnê-leão mensal, para facilitar a compensação na declaração anual de ajuste e evitar problemas com a Receita Federal.
Custos adicionais que impactam os dividendos
Além dos tributos, há outras despesas envolvidas no recebimento dos dividendos de BDRs. Uma delas é o IOF, cobrado sobre a operação de câmbio que converte os valores recebidos para reais.
Outro fator importante é a taxa do banco custodiante — responsável pela guarda e administração dos BDRs — que costuma variar entre 3% e 5% sobre o valor bruto dos dividendos. Essa cobrança reduz ainda mais o valor líquido que chega ao investidor.
BDRs ou ações no exterior: o que compensa mais?
Apesar dos custos elevados dos BDRs, investir diretamente em ações no exterior também não está livre de encargos. Nesse caso, substitui-se a taxa do custodiante pelo spread da corretora internacional, que costuma ficar entre 1% e 3%. A tributação na fonte, especialmente para ações americanas, continua existindo.
A decisão entre investir em BDRs ou adquirir ações diretamente no exterior vai depender, sobretudo, da comparação entre esses custos: o valor do spread aplicado pela corretora internacional e a taxa de custódia dos BDRs. Avaliar esses fatores com atenção é essencial para quem busca maximizar os ganhos com dividendos.