O mercado global de café está em alerta. Os contratos futuros do café arábrica na bolsa de Nova York atingiram sua cotação mais alta dos últimos dois meses, impulsionados por crescentes preocupações com o clima adverso no Brasil, o maior produtor mundial do grão. A instabilidade climática levanta dúvidas sobre o potencial produtivo da safra atual e das futuras, gerando um movimento de alta que já dura cinco sessões consecutivas.
Onda de Frio e Geadas Ameaçam a Produção
A principal causa para a recente escalada nos preços são as múltiplas frentes frias que atingem as principais regiões produtoras de café no Brasil, como o estado de Minas Gerais. Relatos de geadas leves e temperaturas baixas preocupam os cafeicultores e analistas, pois o frio intenso pode prejudicar o desenvolvimento dos cafezais.
Segundo Michael McDougall, analista da McDougall Global View, o mercado está cada vez mais apreensivo com a possibilidade de a safra deste ano ser menor do que o esperado. “Não é apenas a safra atual que preocupa, mas também a de 2026, que pode ser limitada, já que os episódios de frio já estão induzindo um florescimento precoce por estresse”, explica o especialista. Este fenômeno pode comprometer o potencial produtivo das plantas a longo prazo.
Projeções da Safra e Dados de Exportação
As expectativas para a colheita já refletem esse cenário de incerteza. De acordo com um estudo da Coffee Trading Academy, a safra total de arábica e robusta (conilon) no Brasil para o ciclo 2025-2026 deve alcançar 63,9 milhões de sacas de 60 quilos. Esse número representa uma queda de 2,1% em comparação com a safra de 2024, um reflexo direto das condições climáticas desfavoráveis.
Enquanto isso, os dados de exportação de julho de 2025 mostram uma redução de 27,6% no volume de café exportado pelo Brasil. Os embarques de grãos caíram para 164.000 toneladas no mês. Apesar da queda no volume exportado no acumulado de janeiro a julho (-21,4%), a receita cambial registrou um aumento expressivo de 36%, alcançando o valor recorde de US$ 8,555 bilhões. Os Estados Unidos se consolidaram como o principal destino do café brasileiro, demonstrando a força da demanda internacional apesar dos preços elevados e dos desafios na produção.