A economia do Brasil registrou um crescimento sólido no primeiro trimestre de 2025, mesmo diante do aumento das taxas de juros. O desempenho foi sustentado por investimentos fixos, consumo das famílias e uma produção agrícola expressiva, fatores que também contribuíram para uma elevação da inflação ao maior nível em dois anos.
Segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Produto Interno Bruto (PIB) da maior economia da América Latina cresceu 1,4% entre janeiro e março em comparação com o último trimestre de 2024. O resultado ficou alinhado às projeções de analistas consultados pela Reuters.
Na comparação anual, o PIB teve uma alta de 2,9%, abaixo da expectativa de 3,2%.
Do lado da oferta, o setor agropecuário foi o principal destaque, com um avanço de 12,2% no trimestre, impulsionado especialmente pela colheita recorde de soja. Já os serviços, que representam cerca de 70% da economia brasileira, tiveram um crescimento modesto de 0,3%, refletindo a resiliência do mercado de trabalho. A indústria, por sua vez, registrou uma leve queda de 0,1%.
Na análise da demanda, os investimentos — medidos pela formação bruta de capital fixo — cresceram 3,1% em relação ao trimestre anterior, desempenhando um papel importante na sustentação da atividade econômica. O consumo das famílias também teve contribuição relevante, com expansão de 1,0%, apoiado por medidas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltadas ao aumento da renda disponível, como o reajuste do salário mínimo. Já os gastos do governo aumentaram discretamente, com variação de 0,1%.
O resultado positivo da economia ocorre apesar do ciclo de aperto monetário conduzido pelo Banco Central, que elevou a taxa básica de juros Selic em 425 pontos-base desde setembro, alcançando o patamar de 14,75% — o mais alto em quase duas décadas.
Apesar do bom desempenho inicial, o governo federal projeta uma desaceleração do crescimento nos próximos meses, à medida que os juros elevados devem exercer mais pressão sobre a atividade econômica no segundo semestre. A expectativa oficial é de que o crescimento do PIB desacelere para 2,4% em 2025, após ter encerrado 2024 com uma expansão de 3,4%.